segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Opinião Actual

   Vila Nova abraçada a sul pela sua ancestral “Devesa” que lhe deu origem, sofre irremediavelmente do grave problema que afecta a maioria das aldeias transmontanas: envelhecimento progressivo da população, êxodo rural, baixa taxa de natalidade…
Efectivamente, Vila Nova conta apenas cerca de 60 habitantes, incluindo as Quintas de S. Jorge e a maioria são os nossos doces idosos.
    Aqui perderam-se algumas tradições tais como: a "utilização do moinho comunitário"  a “procissão de S. Jorge iniciada na igreja de Vila Nova até à sua capela”; as "rondas dos tocadores de guitarra (serenatas)"; os “festejos loucos de Carnaval”, a "festividade agrícola das malhas". Enfim um conjunto de perdas, mas que felizmente não fizeram com que Vila Nova se apagasse,  graças  ao esforço e amor dos seus poucos habitantes, que vão ficando e amando a sua pequena terra. Felizmente, permanece ainda a arrematação do “Ramo do Menino Jesus” no dia de Ano Novo sendo uma oliveira ornamentada com iguarias, rebuçados, chouriças, com galinhas ou perus à consideração… dá-se continuidade também à nomeação dos mordomos das festas e romarias e à a utilização da poça comunitária. Recentemente recuperou-se a festa do Magusto no dia de S.Martinho, fazendo-se um grande convívio e manjar. Ainda aqui e ali, é entre o esvoaçar do fumo das chaminés que no dia, da “matança do porco”, de Ano Novo,  de Carnaval, da Páscoa, do Domingo de Ramos ou Sábado de Aleluia (toque do sino) que permanecem ainda resquícios de alguns festejos e convívios entre os populares. Houve no ano de 2010, uma maravilhosa festa da caça, promovida pelos caçadores de Vila Nova, que reuniou praticamente a povoação.
Embora não seja uma constatação popular, a verdade é que nestas tradições, quer sejam os nossos habitantes ou os nossos distantes, uns mais e outros menos, quase todos sentem uma nostalgia ao ouvir o nosso sino repicar no anunciar da missa, quando se anuncia a ressurreição de Jesus, ou até mesmo no toque quotidiano das Trindades. Ainda há bons corações que não deixam de tocar o sino todos os dias! Além disso, quem em Vila Nova não gosta de dançar um bailarico no meio da pouca multidão? Poucos ou muitos, os mais velhos e os mais novos, com animação musical ou sem ela, nos dias da N.S. do Rosário e de S. Jorge formam parezinhos e avidamente dançam as belas músicas populares, deixando soltar sorrisos de satisfação e alegria…
   De facto, estas tradições permanecem, mas, os jovens já são poucos e aqueles que havia rumaram quase todos a um destino de vida longe daqui, encontrando nas grandes e cidades ou fora de Portugal, talvez, uma melhor qualidade de vida, diferente do cultivo do campo e da pacatez de vida.
É, por isso, que no Verão Vila Nova enche, acolhendo os seus emigrantes ou familiares distantes, e nesta beleza pitoresca cá se vai passando o tempo, na conversa ou na saudação, colorindo-se assim as estreitas e poucas ruas com grupinhos de três ou quatro pessoas.
   A pouco e pouco lá se vai vendo uma ou outra criança, o que nos enche o coração de alegria e de esperança de poder dar a continuidade às tradições que subsistem!
  
Carlos Cipriano Martins Esteves
Autarca da Junta de Freguesia


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